Naquela manhã de sexta-feira,
acordei de um sono mais demorado do que de costume, olhei o relógio ao lado da
cama, 8h. Ouvi o barulho da chuva tão esperada, muita água do céu caia como
bênção, chuva de verão.
Estamos no Nordeste, na Zona
da Mata, bem próximo do Agreste. Não temos seca de grande intensidade como no Sertão
nem enchentes aqui no município de Glória do Goitá, mas o calor é intenso, o
verão é longo, sendo assim, essa chuva é muito bem-vinda.
Levanto feliz, abro a janela do
meu quarto e sinto o frescor da chuva invadir os espaços e acariciar meu corpo.
Cheiro bom, cheiro de chuva pedindo um café bem quente. Em pleno verão uma
chuva torna meu dia mais feliz.
Algumas lembranças vão chegando devagar e
trazem junto uma sensação de vitória: lembro de tempos passados quando meus filhos
eram pequeninos, tempos de muitas dificuldades. Morávamos numa casa que mais
parecia uma peneira, chovia lá fora e dentro de casa. Era sempre um grande
desassossego pois, havia apenas um pequeno espaço sem goteiras onde eu me
abrigava com as crianças enquanto esperava a chuva passar para secar o chão.
Enquanto isso brincávamos. Todo o processo se repetia quando voltava a chover. Na
época esse jeito de viver me fazia exercitar a paciência, mas nunca desanimar, sabia
que um dia transformaria aquela realidade. Não seria sem esforço. Estudar e
estudar, foi nessa estrada que caminhei durante alguns anos. Hoje, aquele jeito
de viver me faz sorrir, é o motivo da minha felicidade quando chove. Aprendemos
a valorizar nossas conquistas quando olhamos para o passado com um olhar
generoso, sem nenhum constrangimento.
Olho em volta,
observo minha casa confortável conquistada com o meu trabalho, e um sorriso
ilumina minha face, observo da janela a chuva e como sempre, vem uma frase no
meu pensamento: Chove apenas lá fora.Zezinha Lins