segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Chove lá fora


Naquela manhã de sexta-feira, acordei de um sono mais demorado do que de costume, olhei o relógio ao lado da cama, 8h. Ouvi o barulho da chuva tão esperada, muita água do céu caia como bênção, chuva de verão.
Estamos no Nordeste, na Zona da Mata, bem próximo do Agreste. Não temos seca de grande intensidade como no Sertão nem enchentes aqui no município de Glória do Goitá, mas o calor é intenso, o verão é longo, sendo assim, essa chuva é muito bem-vinda.
Levanto feliz, abro a janela do meu quarto e sinto o frescor da chuva invadir os espaços e acariciar meu corpo. Cheiro bom, cheiro de chuva pedindo um café bem quente. Em pleno verão uma chuva torna meu dia mais feliz.
 Algumas lembranças vão chegando devagar e trazem junto uma sensação de vitória: lembro de tempos passados quando meus filhos eram pequeninos, tempos de muitas dificuldades. Morávamos numa casa que mais parecia uma peneira, chovia lá fora e dentro de casa. Era sempre um grande desassossego pois, havia apenas um pequeno espaço sem goteiras onde eu me abrigava com as crianças enquanto esperava a chuva passar para secar o chão. Enquanto isso brincávamos. Todo o processo se repetia quando voltava a chover. Na época esse jeito de viver me fazia exercitar a paciência, mas nunca desanimar, sabia que um dia transformaria aquela realidade. Não seria sem esforço. Estudar e estudar, foi nessa estrada que caminhei durante alguns anos. Hoje, aquele jeito de viver me faz sorrir, é o motivo da minha felicidade quando chove. Aprendemos a valorizar nossas conquistas quando olhamos para o passado com um olhar generoso, sem nenhum constrangimento.
Olho em volta, observo minha casa confortável conquistada com o meu trabalho, e um sorriso ilumina minha face, observo da janela a chuva e como sempre, vem uma frase no meu pensamento: Chove apenas lá fora.

Zezinha Lins