Fim de uma tarde morna, a noite anunciava sua chegada. A
beleza do casarão antigo com suas enormes janelas azuis, nos convidava a ocupar
o espaço cercado por jardins logo após o portão principal. As plantas com suas
folhagens e flores se curvavam sem o menor sinal de vento, como se gentilmente
quisessem nos dar as boas-vindas. Espalhados numa mesa forrada com uma toalha
florida: livros, vários livros, produtos da casa. Um quadro grande com uma
paisagem colorida representando a cultura local, decorava o ambiente. Tiras
coloridas penduradas no frontal da casa, lembravam as festividades tradicionais
tão bem vivenciadas pela nossa comunidade.
Ouviu-se os primeiros
acordes do violão, um chamado, um aviso: o sarau vai começar. Aos poucos,
chegavam pessoas: poetas, escritores, músicos, cantores e muita gente bonita que
conhecia o sabor e sentia de longe o cheiro de poesia. Um encontro de levezas,
de versos, de sons e de alegria.
Entre versos brincantes no ar, surge nas mãos de um poeta, um
instrumento medieval, pura magia. E o cordel saiu em forma de música entrelaçadas
nas quatro cordas de uma rabeca, depois outra, duas rabecas com som de baile
nordestino encantaram a todos.
E mais encantamento foi tomando conta dos que ali se faziam
presentes através da bela voz do cantor que trouxe a nossa raiz, as nossas
canções com cheiro e gosto de interior.
Vieram os poemas, cada
verso recitado, um carinho na alma. E a poesia foi se espalhando e abraçando o
coração de cada um. A lua que tudo via, apaixonada pelos belos poemas
declamados, despejava sua luz de prata sobre os muitos versos propagados que
docemente bailavam no ar.
Zezinha Lins