segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Abraço de poesia




Fim de uma tarde morna, a noite anunciava sua chegada. A beleza do casarão antigo com suas enormes janelas azuis, nos convidava a ocupar o espaço cercado por jardins logo após o portão principal. As plantas com suas folhagens e flores se curvavam sem o menor sinal de vento, como se gentilmente quisessem nos dar as boas-vindas. Espalhados numa mesa forrada com uma toalha florida: livros, vários livros, produtos da casa. Um quadro grande com uma paisagem colorida representando a cultura local, decorava o ambiente. Tiras coloridas penduradas no frontal da casa, lembravam as festividades tradicionais tão bem vivenciadas pela nossa comunidade.
 Ouviu-se os primeiros acordes do violão, um chamado, um aviso: o sarau vai começar. Aos poucos, chegavam pessoas: poetas, escritores, músicos, cantores e muita gente bonita que conhecia o sabor e sentia de longe o cheiro de poesia. Um encontro de levezas, de versos, de sons e de alegria.
Entre versos brincantes no ar, surge nas mãos de um poeta, um instrumento medieval, pura magia. E o cordel saiu em forma de música entrelaçadas nas quatro cordas de uma rabeca, depois outra, duas rabecas com som de baile nordestino encantaram a todos.
E mais encantamento foi tomando conta dos que ali se faziam presentes através da bela voz do cantor que trouxe a nossa raiz, as nossas canções com cheiro e gosto de interior.
 Vieram os poemas, cada verso recitado, um carinho na alma. E a poesia foi se espalhando e abraçando o coração de cada um. A lua que tudo via, apaixonada pelos belos poemas declamados, despejava sua luz de prata sobre os muitos versos propagados que docemente bailavam no ar.

Zezinha Lins