Ela era antiga, muito antiga,
já não se fabricava mais daquelas, mas era muito eficiente, nunca precisou de
conserto, não que eu saiba. A máquina da
minha avó era especial na minha imaginação de menina, era mágica. Para que ela funcionasse,
era preciso usar o corpo inteiro, tinha pedal e era muito divertido vê-la
funcionando.
Ah, máquina de cor preta, que
brilho ela tinha... Com mãos enrugadas e ainda ágeis, minha avó costurava seus
vestidos, fazia bainha dos lençóis, costurava nossa rotina e nossos
sonhos. Nas tardes quentes, o barulho da
máquina se misturava com o barulho da serra com a qual meu avô serrava madeira
para fazer alguns móveis.
Quantos sorrisos, quantas
histórias, quantos conselhos, quantos ensinamentos, foram costurados em nós.
Juntos, filhos, netos... Formávamos uma grande colcha de retalhos. Minha avó
sempre com a paciência e o cuidado necessário
unia cada pedaço, todos diferentes um dos outros, todos lindos para ela.
A máquina da minha avó tinha
poderes fantásticos: costurava nossos pedaços e nos fazia inteiros de novo.
Zezinha Lins