Contaram-me que ela era especial. No primeiro contato na sala
de aula percebi que realmente ela era muito especial. Menina de pouco mais de
30 anos, linda, inteligente e muito simpática. Eu lecionava um 5º ano, era uma
turma que agregava todas as diferenças e isso tornava minha sala de aula um
espaço maravilhoso onde eu ensinava e aprendia a cada instante.
Mariana sempre tinha muitas novidades para contar, durante o
recreio ficava perto de mim falando sobre sua vida: pessoas, familiares, fatos,
impressões. Sua aprendizagem era desenvolvida principalmente através da
oralidade. Adorava dar uma bela lição de
moral nos colegas quando achava que mereciam, todos paravam para ouvi-la, era
querida por meninos e meninas.
Às vezes o cansaço me vencia, as horas demoravam a passar, o
corpo e a mente suplicavam por um descanso. Mas quando Mariana soltava sua
gargalhada por alguma bobagem que algum coleguinha falava ou fazia, aquela
risada enchia-me de vida, de alegria e eu sorria, sentia-me mais leve. O ano
letivo terminou, Mariana assim como os coleguinhas seguiram o caminho do
aprender e ensinar, não a vejo mais diariamente como antes, mas a risada de
Mariana ecoa nas minhas lembranças e me faz sorrir, sempre.
Zezinha Lins