Sexta à
tarde, preciso relaxar, descansar. Pego caneta e papel, na maioria das vezes
funciona. Começo a rabiscar, contar histórias reais, de ficção ou tudo
misturado. Acredito que mesmo na ficção existe um tanto de verdade, (uma
verdade subjetiva como a alma do ser humano) seja a narrativa na primeira ou
terceira pessoa. Foi assim que nasceu a fábrica de felicidade.
Fábrica
de felicidade
Houve um
tempo em que eu fabricava a minha felicidade. Para isso usava a matéria-prima
que estivesse ao meu alcance e se não tivesse nada eu inventava, bastava fechar
os olhos ou fixar o olhar num lugar qualquer e deixar o pensamento fluir.
Visitava lugares bonitos, viajava nas notas de um piano imaginário, corria num
campo cheio de flores coloridas e encontrava um amor, vivia esse amor, com ele
passeava de mãos dadas nas tardes de domingo e tomava sorvete num banco de uma
praça qualquer. Voltando a realidade ou quase, vestia-me de Pollyana e seguia
em frente, fabricando felicidade para mim e tentando fabricar para os que
estavam a minha volta, essa parte era a mais difícil e necessária.
Hoje,
continuo fabricando minha felicidade. Porém, aprendi com o tempo que tenho mais
matéria-prima do que pensava, pois posso reciclar a realidade, transformando-a.
Não preciso mais apenas sonhar, preciso fazer acontecer. Também não me visto
mais de Pollyana, gosto de estar sempre vestida de mim mesma, usando todas as
cores, chorando todas as lágrimas e saboreando todos os sorrisos. Sigo
lubrificando e cuidando com zelo das peças de cada máquina da minha fábrica.
Sim, porque fabricar felicidade dá trabalho e às vezes dói.
Zezinha
Lins