quinta-feira, 1 de março de 2018

Outono


Em plena transição
Contemplo meu ser,
Perfeita sintonia,
Outono em mim.
Nua, despojada dos excessos,
Roupas espalhadas como folhas secas pelo chão,
Resisto.
Vejo-me árvore de raízes fortes.
Sinto a ousadia do vento
Que canta no silêncio da noite,
Primorosa sinfonia
Adentra a janela entreaberta,
Acaricia meu corpo,
Afago in natura.
Hora de troca de roupagem, de cor, de sonhos.

Meu amor se foi com o Sol,
Dispenso a melancolia
Tão própria da nova estação,
Prefiro a beleza escondida no misterioso amanhã.
Há surpresas por vir,
Há leveza na nudez que espera
Um arrepio na pele
Quando a longa e fria noite chegar.
Enquanto isso, buscarei a mim mesma,
Marcarei encontro com o Sol.
Mas sei...
Um novo outono virá
Com toda a magia da última colheita.
Serena, em recolhimento
Escreverei entre os lençóis
Mais um poema de amor.




Zezinha Lins