terça-feira, 14 de abril de 2020

Desdobramentos

Um único livro sempre nos oferece uma infinidade de possibilidades, seja ele escrito por nós ou por outro autor. Costumo fazer esses desdobramentos nos livros que leio principalmente nos que escrevo. Hoje, olhei para a minha obra mais recente E Por Falar em Mulher... com mais um novo olhar, olhar de início de ano novo. Juntando o conteúdo e o formato do livro com esse novo olhar, refaço caminhos. O livro dividido em quatro etapas leva-me para uma viagem diferente, uma brincadeira de viajar pelo Ano Novo percorrendo seu calendário com propostas que se completam. Afinal é assim a vida, nada acontece isoladamente, uma cadeia de ação e reação vai se formando enquanto encaramos mais um ano, enquanto a vida acontece.
Janeiro, fevereiro e março: tempo da poda, cortar nossas arestas, os galhos que absorvem nossas energias. Tempo de intimidade interior.
A Procura de Mim
(...)
Procuro a mim mesma
E tudo que em mim se esconde
Sem interferências ou influências,
Sem heranças nem lembranças.
Preciso percorrer o labirinto do meu ser,
É lá que vou encontrar
Na intimidade da minha alma
Meu pensar, minha palavra,
Meu genuíno viver.
Abril, maio e junho: novos brotos começam a surgir. Esperança renovada, crescimento. Tempo do despertar da amorosidade.
Amor Semente
Olhar para o outro
Sem pressa, contemplá-lo
Descortinar no outro
O que ainda ninguém viu
O outro que eu vi chegar
E que eu não quero ver partir
A quem eu conto quem sou
Para dizer quem não sou.
Um amor complacente
Antes imprevisível
Agora, amor semente.
Julho, agosto e setembro: surgem as flores, aromas compartilhados. Tempo da Solidariedade.
Acolhimento
O cravo brigou com a rosa
E saiu batendo a porta
Outra flor ele encontrou
Foi então que se instalou
Na rosa a melancolia.
Ninguém ouvia seus gemidos
Nas dores do dia a dia.
Mas a florista desconfiada
Em um buquê a colocou
Acolhida entre outras rosas,
Orvalhada, compartilhou
Seus novos sonhos perfumados
Essências de um novo amor.
Outubro, novembro e dezembro: finalmente frutos são colhidos, por duas ou quatro mãos os frutos são sempre bem-vindos. Poder sobre si mesmo, equilíbrio. Tempo do Empoderamento.
Voz
A primeira vez que permiti
Que o amor se derramasse em mim,
Descobri o amor próprio.
Quando me amei de verdade
Evolui o pensar,
O agir, o falar.
(...)
Zezinha Lins