sábado, 9 de junho de 2018

Fábrica de felicidade


Sexta à tarde, preciso relaxar, descansar. Pego caneta e papel, na maioria das vezes funciona. Começo a rabiscar, contar histórias reais, de ficção ou tudo misturado. Acredito que mesmo na ficção existe um tanto de verdade, (uma verdade subjetiva como a alma do ser humano) seja a narrativa na primeira ou terceira pessoa. Foi assim que nasceu a fábrica de felicidade.






Fábrica de felicidade


Houve um tempo em que eu fabricava a minha felicidade. Para isso usava a matéria-prima que estivesse ao meu alcance e se não tivesse nada eu inventava, bastava fechar os olhos ou fixar o olhar num lugar qualquer e deixar o pensamento fluir. Visitava lugares bonitos, viajava nas notas de um piano imaginário, corria num campo cheio de flores coloridas e encontrava um amor, vivia esse amor, com ele passeava de mãos dadas nas tardes de domingo e tomava sorvete num banco de uma praça qualquer. Voltando a realidade ou quase, vestia-me de Pollyana e seguia em frente, fabricando felicidade para mim e tentando fabricar para os que estavam a minha volta, essa parte era a mais difícil e necessária.
Hoje, continuo fabricando minha felicidade. Porém, aprendi com o tempo que tenho mais matéria-prima do que pensava, pois posso reciclar a realidade, transformando-a. Não preciso mais apenas sonhar, preciso fazer acontecer. Também não me visto mais de Pollyana, gosto de estar sempre vestida de mim mesma, usando todas as cores, chorando todas as lágrimas e saboreando todos os sorrisos. Sigo lubrificando e cuidando com zelo das peças de cada máquina da minha fábrica. Sim, porque fabricar felicidade dá trabalho e às vezes dói.

Zezinha Lins