quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Família Mismo da Silva




A família Mismo da Silva era a mais diferente que conheci. O casal tinha dois filhos, Pecy e Oty. Era um tal de fazer e acontecer, um contrariando o outro toda hora e isso deixava os pais maluquinhos. Pecy Mismo da Silva era um sujeitinho de 20 anos, mas se comportava como um velho rabugento. Reclamava se chovia, se fazia sol, se estava frio ou quente. Sempre escolhia o caminho mais deserto e íngreme para chegar em casa, alegando ser o mais curto, vez ou outra era assaltado, por isso subia e descia as ladeiras correndo, chegando em casa sempre cansado, suado e de mau humor. Estava sempre de cara amarrada, pois achava que ninguém gostava dele, sendo assim, não lhe escapava dos lábios nem um sorriso, e logicamente, não recebia nenhum. E assim, Pecy ia vivendo, carregando cada dia nas costas como se fosse um fardo. Para ele o céu era cinzento e as árvores ao redor da sua casa eram imprestáveis, pois soltavam folhas secas e o vento, só para irritá-lo se encarregava de espalhas todas. Concluíra o Ensino Médio a muito custo por exigência dos pais, não queria saber da roça, andava em busca de emprego, sem sucesso.
Oty Mismo da Silva, era totalmente diferente, com 16 anos de idade estava concluindo o Ensino Médio e já se preparava para enfrentar a jornada que o levaria a faculdade de Agronomia. Sempre de bom humor, acendia todas as luzes de qualquer ambiente somente com sua presença. Adorava contar piadas, e o seu sorriso era seu cartão de visitas, em troca, recebia milhões de sorrisos de volta. Nos dias de sol aproveitava para tomar banho na cachoeira mais próxima do sítio onde viviam e nos dias de chuva, na varanda deitado na rede, observava a natureza se renovando a cada gota que caía. O diálogo com o irmão era complicado, pois na maioria das vezes surgiam conflitos, o que o deixava triste, mas nesses momentos lembrava dos conselhos de sua avó, especialmente um deles “ Meu, filho, não queira ter razão sempre, nem provar aos outros que está certo, apenas seja feliz. A alegria de viver é como uma semente, plante incansavelmente em todo tipo de terreno, a leveza ou a dureza da vida cuidará do resto. Umas irão florescer após uma chuva fina na Primavera, outras depois de uma terrível tempestade. Não desista nunca. Seja um bom semeador”

Zezinha Lins