sábado, 20 de maio de 2017

Novo jeito de viver... Como antigamente





É uma rua sem saída, um muro com cerca elétrica delimita o espaço e oferece uma sensação de segurança que tem dado certo, daqui ninguém passa, nada de carros nem barulho de motos, apenas o silêncio quebrado pelas conversas dos vizinhos nas calçadas no fim da tarde, pelas brincadeiras das crianças na rua e   pelo canto dos pássaros que voam livres e fazem morada nas imensas árvores que ficam num terreno baldio por trás do muro. As casas todas parecidas umas com as outras com muros e portões altos favorecem a privacidade de cada morador. Um grupo formado numa rede social facilita a vida de todos: se alguém precisar de algo é só expor no grupo e sempre há um vizinho que atende a necessidade do outro. Periodicamente os vizinhos reúnem-se na rua no sábado à noite para jantar juntos e jogar conversa fora, logo surge uma mesa, cadeiras, cada um faz uma comida, um suco, um bolo ou um café. Se de repente chove, o terraço de um acolhe todos.  Melhor programa não há. As crianças jantam primeiro e vão brincar, os adultos jantam enquanto animadamente falam sobre tudo, as brincadeiras acompanhadas de boas risadas prevalecem.
Quase inacreditável que cenas como essas se repitam com uma certa frequência nesta rua tão mágica e tão real em tempos de tanta violência e individualidades. Pessoas que por algumas horas deixam a televisão e o celular de lado apenas para conversar ao vivo e a cores, olho no olho, enquanto a lua satisfeita por perceber que nem tudo está perdido observa os vizinhos que escolheram esse novo jeito de viver...
Como antigamente.

Zezinha Lins




domingo, 14 de maio de 2017

Inexplicável amor




Como explicar o inexplicável?

É assim que reflito sempre que chega o mês de maio repleto de flores rosas, coraçõezinhos vermelhos e mensagens lindas. Leio as declarações de amor filial nas redes sociais, TV e tudo o mais, algumas até emocionam para valer, choro mesmo. Mas aqueles textos que tentam dissertar sobre: “Ser mãe” ou “Amor de Mãe” e por aí vai, são esforços válidos, porém não conseguem jamais conceituar com palavras temas que estão fora da nossa compreensão humana. Apesar de mãe ser uma condição humana acredito que nem elas conseguem de forma plena encontrar em nosso vocabulário palavras que expliquem exatamente este mistério que ela vivencia desde o primeiro segundo em que descobre que o milagre da vida está sendo realizado na sua barriga. Ela ainda não sabe, mas nunca mais será a mesma. Meu limite de explicação vai até quando penso e falo que o amor de uma mãe pelos seus filhos é o que mais se aproxima do amor de Deus por nós. 

Zezinha Lins

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Inexplicável



Chuva fina vespertina
Uma xícara de café amargo
Receio que algo aconteça
Um algo específico
Medo camuflado
De um não sei quê de melancolia.
Tudo pode acontecer
Num universo alheio
Mas esse amor inexplicável
Que não aceita a lógica
Que só quer o bem do outro
Do filho
E do filho do filho
É amor que eleva a alma
Enquanto sofre o corpo inteiro
Maternidade que encanta
E a si mesma suplanta.

Zezinha Lins