terça-feira, 26 de janeiro de 2010

O CASULO E A BORBOLETA



"Um dia, uma pequena abertura apareceu em um casulo. Um homem sentou e observou a borboleta por várias horas, atento a como ela se esforçava para fazer com que seu corpo passasse através daquele pequeno buraco. De repente, pareceu que ela parou de fazer qualquer progresso; talvez ela tivesse ido o mais longe que podia e não conseguiria avançar. Então, o homem decidiu ajudar a borboleta. Ele pegou uma tesoura e cortou o restante do casulo. A borboleta saiu facilmente. Mas seu corpo estava murcho, era pequeno e tinha as asas amassadas. O homem continuou a observar a borboleta porque ele esperava que, a qualquer momento, as asas dela se abrissem e esticassem para serem capazes de suportar o corpo, que iria se firmar a tempo. Nada aconteceu! Na verdade, a borboleta passou o resto da vida rastejando com um corpo murcho e as asas encolhidas. Ela nunca foi capaz de voar."

O que o homem, em sua gentileza e vontade de ajudar, não compreendia era que o casulo apertado e o esforço necessário para sair dele eram essenciais. A própria natureza faz com que o fluido do corpo da borboleta vá para as suas asas, de modo a capacitá-la voar, uma vez que tenha se livrado do casulo.

Algumas vezes, o esforço é justamente o que precisamos para crescer. Se nos fosse permitido passar através de nossas vidas sem quaisquer obstáculos, estaríamos incompletos, imaturos. Nós não seríamos tão fortes como poderíamos ter sido. Nunca poderíamos voar.

Desconhecido

domingo, 24 de janeiro de 2010

O HOMEM, AS VIAGENS


O homem, bicho da Terra tão pequeno

chateia-se na Terra

lugar de muita miséria e pouca diversão

faz um foguete, uma cápsula, um módulo

toca para a Lua

desce cauteloso na Lua

pisa na Lua

planta bandeirola na Lua

experimenta a Lua

coloniza a Lua

civiliza a Lua

humaniza a Lua

Lua humanizada: tão igual à Terra

o homem chateia-se na Lua

Vamos para Marte, ordena à suas máquinas.

Elas obedecem, o homem desce em Marte

pisa em Marte

experimenta

coloniza

humaniza Marte com engenho e arte

Marte humanizado, que lugar quadrado

vamos a outra parte?

Claro diz o engenho

sofisticado e dócil.

Vamos à Vênus

o homem põe o pé em Vênus,

Vê o visto, é isto?

Idem

Idem

Idem

O homem funde a cuca se não for à Júpiter

proclamar justiça com injustiça

repetir a fossa

repetir o inquieto

repetitório

Outros planetas restam para outras colônias.

o espaço todo vira Terra-a-terra.

o homem chega ao Sol ou dá uma volta

só para te ver?

Não vê que ele inventa

roupa insiderável de viver no Sol

põe o pé e:

Mas que chato é o Sol, falso touro espanhol domado.

Restam outros sistemas fora

do solar a colonizar.

ao acabarem todos

só resta ao homem

(estará equipado?)

a dificílima dangerosíssima viagem

de si mesmo a si mesmo:

por o pé no chão

do seu coração

experimentar

colonizar

civilizar

humanizar

o homem

descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas

a perene, insuspeitada alegria

de con-viver.

(Carlos Drummond de Andrade)


sábado, 23 de janeiro de 2010

PROPOSTA


Roberto Carlos

Composição: Roberto Carlos e Erasmo Carlos

Eu te proponho
Nós nos amarmos
Nos entregarmos
Neste momento
Tudo lá fora
Deixar ficar...

Eu te proponho
Te dar meu corpo
Depois do amor
O meu conforto
E além de tudo
Depois de tudo
Te dar a minha paz...

Eu te proponho
Na madrugada
Você cansada
Te dar meu braço
No meu abraço
Fazer você dormir...

Eu te proponho
Não dizer nada
Seguirmos juntos
A mesma estrada
Que continua
Depois do amor
No amanhecer

No Amanhecer!
Eu Te Proponho!

ESPERA


**J.G. de Araújo Jorge**

Se tivesses mandado uma palavra "Espera"!
Sem mais nada, nem mesmo explicado até quando
Eu teria ficado até hoje esperando ...
-Era a eterna ilusão de que fosses sincera

Que importaria a vida, o sol a primavera
Se eras a vida, o sol, a flor desabrochando
Se tivesses mandando uma palavra "Espera"!
Eu teria ficado até hoje esperando ...

Não mandaste. Tu nada disseste, e eu segui
Sem saber que fazer da vida que era tua
Procurando com o mundo esquecer-me de ti

E o afinal, irônico e mordaz
Ontem, fez-me cruzar com teu olhar na rua
Ouvi dizer-te "Espera" e ser tarde demais!

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

OSTRA! EU?


"Uma ostra que não foi ferida não produz pérolas."

Pérolas são produtos da dor; resultados da entrada de uma substância estranha ou indesejável no interior da ostra, como um parasita ou grão de areia.

Na parte interna da concha é encontrada uma substância lustrosa chamada nácar. Quando um grão de areia a penetra, ás células do nácar começam a trabalhar e cobrem o grão de areia com camadas e mais camadas, para proteger o corpo indefeso da ostra. Como resultado, uma linda pérola vai se formando.

Uma ostra que não foi ferida, de modo algum produz pérolas, pois a pérola é uma ferida cicatrizada.

O mesmo pode acontecer conosco.
Se você já sentiu ferido pelas palavras rudes de alguém?
Já foi acusado de ter dito coisas que não disse?
Suas idéias já foram rejeitadas ou mal interpretadas?
Você já sofreu o duro golpe do preconceito?
Já recebeu o troco da indiferença?

Então, produza uma pérola !
Cubra suas mágoas com várias camadas de AMOR.

Infelizmente, são poucas as pessoas que se interessam por esse tipo de movimento. A maioria aprende apenas a cultivar ressentimentos, mágoas, deixando as feridas abertas e alimentando-as com vários tipos de sentimentos pequenos e, portanto, não permitindo que cicatrizem. Assim, na prática, o que vemos são muitas "Ostras Vazias", não porque não tenham sido feridas, mas porque não souberam perdoar, compreender e transformar a dor em amor. Um sorriso, um olhar, um gesto, na maioria das vezes, vale mais do que mil palavras

Alceu Malossi

SONATA AO LUAR - BEETHOVEN

LIÇÃO DE VIDA

Sonata ao luar


Quem de nós não teve um momento de extrema dor?

Quem nunca sentiu em algum momento de sua vida vontade desistir?

Quem de nós não se sentiu só, extremamente só e teve a sensação de ter perdido o endereço da esperança?

Nem mesmo as pessoas famosas, ricas, importantes, estão isentas de terem seus momentos de solidão e de profunda amargura…

Foi o que ocorreu com um dos mais reconhecidos compositores de todos os tempos, chamado Ludwig Van Beethoven, que nasceu no ano de 1770, em Bonn, na Alemanha e faleceu em 1827, em Viena, na Áustria.

Beethoven vivia um desses dias tristes, sem brilho e sem luz. Estava muito abatido pelo falecimento de um príncipe da Alemanha, que era como um pai para ele…

O jovem compositor sofria de carência afetiva, o pai era um alcoólatra e o agredia fisicamente, faleceu na rua, por causa do alcoolismo. Sua mãe morreu muito jovem, seu irmão biológico nunca o ajudou em nada e some-se isto, o fato de sua doença agravar-se. Sintomas de surdez começavam a perturbá-lo, ao ponto de deixá-lo nervoso e irritado.

Beethoven somente podia escutar usando uma espécie de trombone acústico no ouvido. Ele carregava consigo uma tábua ou um caderno, para que as pessoas escrevessem suas idéias e pudessem se comunicar, mas elas não tinham paciência para isto, nem para ler seus lábios…

Notando que ninguém o entendia, nem o queriam ajudar, Beethoven se retraiu e se isolou. Foi por todas essas razões, que o compositor caiu em profunda depressão. Chegou a redigir um testamento, dizendo que iria se suicidar…

Mas, como nenhuma criatura de Deus está esquecida, veio a ajuda espiritual por meio de uma moça cega que morava na mesma pensão pobre, para onde Beethoven havia se mudado e lhe fala quase gritando:

“EU DARIA TUDO PARA ENXERGAR UMA NOITE DE LUAR”.

Ao ouvi-la, Beethoven se emociona até as lágrimas. Afinal ele podia ver! Ele podia escrever sua arte nas pautas…

A vontade de viver volta-lhe renovada e ele compõem uma das músicas mais belas da humanidade: “SONATA AO LUAR”. No seu tema, a melodia imita os passos vagarosos de algumas pessoas, possivelmente os dele e os dos outros, que levavam o caixão mortuário do príncipe, seu protetor…

Olhando para o céu prateado de luar e lembrando da moça cega, perguntou o porquê da morte de seus amigo, ele se deixa mergulhar num momento de profunda meditação.

Alguns estudiosos de música dizem que as três notas que se repetem, insistentemente no tema principal do 1º movimento da sonata, são as letras da palavras “why”(porque) ou outra palavra sinônima em alemão.

Ano após ter superado o sofrimento, compôs o incomparável hino à alegria, da 9º sinfonia, que coroa a missão desse notável compositor, já totalmente surdo.

O hino à alegria, expressa sua gratidão à vida e a Deus, por não haver se suicidado…

Tudo graças àquela moça cega, que inspirou o desejo de traduzir, em notas musicais, uma noite de luar…

Usando sua sensibilidade, Beethoven retratou, através da melodia, a beleza de uma noite banhada pela claridade da lua, para alguém que não podia ver com os olhos físicos.

domingo, 17 de janeiro de 2010

FLORES PARA O AMOR


Florescer do amor

O sorriso, encanto, paciência, compreensão, perdão, cumplicidade, verdade,
transparência, maturidade, espiritualidade, sexualidade, a verdadeira essência que não se perdeu pelo tempo e ninguém conseguiu corromper.

É na somatória de virtudes e atitudes que floresce o verdadeiro amor.

Silvia Crusco

sábado, 16 de janeiro de 2010

POEMA TRISTE



VOU

Para sempre
Todo o sempre
Vou sem malas
Vou sem asas
Carregada de lembranças
Vou sem querer ir
Vou para o lugar distante
Aquele do início
O mesmo de onde eu vim
Vou para lá
Quieta ficar
Instalar minha alma
Cerrar nas paredes da memória
Meus sonhos e meu coração



Beatriz Prestes

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

SILÊNCIO


"Se você não consegue entender o meu silêncio de nada irá adiantar as palavras, pois é no silêncio das minhas palavras que estão todos os meus maiores sentimentos."

Oscar Wilde

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

LENDA INDÍGENA


"Conta uma velha lenda dos índios Sioux, que uma vez, Touro Bravo, o mais valente e honrado de todos os jovens guerreiros, e Nuvem Azul, a filha do cacique, uma das mais formosas mulheres da tribo, chegaram de mãos dadas, até a tenda do velho feiticeiro da tribo.

- Nós nos amamos... E vamos nos casar - disse o jovem, e nos amamos tanto que queremos um feitiço, um conselho, ou um talismã...Alguma coisa que nos garanta que poderemos ficar sempre juntos...Que nos assegure que estaremos um ao lado do outro até encontrarmos a morte. Há algo que possamos fazer?

E o velho emocionado ao vê-los tão jovens, tão apaixonados e tão ansiosos por uma palavra, disse:

- Tem uma coisa a ser feita, mas é uma tarefa muito difícil e sacrificada... Tu, Nuvem Azul, deves escalar o monte ao norte dessa aldeia, e apenas com uma rede e tuas mãos, deves caçar o falcão mais vigoroso do monte... E trazê-lo aqui com vida, até o terceiro dia depois da lua cheia.

E tu, Touro Bravo - continuou o feiticeiro – deves escalar a montanha do trono, e lá em cima, encontrarás a mais brava de todas as águias, e somente com as tuas mãos e uma rede, deverás apanhá-la trazendo-a para mim, viva!
Os jovens abraçaram-se com ternura, e logo partiram para cumprir a missão recomendada... No dia estabelecido, à frente da tenda do feiticeiro, os dois esperavam com as aves dentro de um saco. O velho pediu, que com cuidado as tirassem dos sacos... E viu eram verdadeiramente formosos exemplares...

- E agora o que faremos? - perguntou o jovem – as matamos e depois bebemos a honra de seu sangue?
Ou cozinhamos e depois comemos o valor da sua carne? - propôs a jovem.
- Não! - disse o feiticeiro, apanhem as aves, e amarrem-nas entre si pelas patas com essas fitas de couro... Quando as tiverem amarradas, soltem-nas, para que voem livres...

O guerreiro e a jovem fizeram o que lhes foi ordenado, e soltaram os pássaros... A águia e o falcão tentaram voar, mas apenas conseguiram saltar pelo terreno.
Minutos depois, irritadas pela incapacidade do vôo, as aves arremessavam-se entre si, bicando-se até se machucar.

E o velho disse: Jamais esqueçam o que estão vendo... Este é o meu conselho. Vocês são como a águia e o falcão... Se estiverem amarrados um ao outro, ainda que por amor, não só viverão arrastando-se, como também, cedo ou tarde, começarão a machucar-se um ao outro...
Se quiserem que o amor entre vocês perdure..."Voem juntos... mas jamais amarrados".

Autor Desconhecido

domingo, 3 de janeiro de 2010

LINDAS!!! E ESPECIAIS!!



-Ó! Flor do meu jardim
Não venhas afarpalhar
O meu coração.
Tenhas dó de mim,
Não me faças chorar.
Já não te basta, ter que,
Dividir-te com a lua,
Com o sol e o com o ar.
Tenhas dó, deste pobre jardineiro,
Que te plantou te regou,
Mas que não pode te apanhar.
Assim é o meu penar de amor
Que vê aquela linda menina
Botão em flor a desabrochar,
Que as mãos de outro jardineiro
Suas pétalas vão acariciar.

José Aparecido Botacini

AO LONGE, AO LUAR

Ao longe, ao luar,
No rio uma vela,
Serena a passar,
Que é que me revela ?
Não sei, mas meu ser
Tornou-se-me estranho,
E eu sonho sem ver
Os sonhos que tenho
Que angústia me enlaça ?
Que amor não se explica ?

É a vela que passa

Na noite que fica.

Fernando Pessoa

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

O HOMEM E A MULHER


Victor Hugo

O Homem é a mais elevada das criaturas.

A Mulher é o mais sublime dos ideais.

Deus fez para o Homem um trono;

Para a Mulher, um altar.

O trono exalta, o altar santifica.

O Homem é o cérebro, a Mulher, o coração, o amor.

A luz fecunda; o amor ressuscita.

O Homem é o gênio, a Mulher, o anjo.

O gênio é imensurável, o anjo, indefinível.

A aspiração do Homem é a suprema glória;

A aspiração da Mulher, a virtude extrema.

A glória traduz grandeza; a virtude traduz divindade.

O Homem tem a supremacia; a mulher, a preferência.

A supremacia representa força.

A preferência representa o direito.

O Homem é forte pela razão; a Mulher invencível pelas lágrimas.

A razão convence; a lágrima comove.

O Homem é capaz de todos os heroísmos;

A Mulher de todos os martírios;

O heroísmo enobrece; o martírio, sublima.

O Homem é o código; a Mulher, o evangelho.

O código corrige; o evangelho aperfeiçoa.

O Homem é o templo; a Mulher, um sacrário.

Ante o templo, nos descobrimos.

Ante o sacrário, ajoelhamo-nos;

O Homem pensa; a Mulher sonha.

Pensar é ter cérebro;

Sonhar é ter na fronte uma auréola.

O Homem é um oceano, a Mulher, um lago.

O oceano tem a pérola que embeleza;

O lago tem a poesia que deslumbra.

O Homem é a águia que voa; a Mulher, o rouxinol que canta.

Voar é dominar o espaço; cantar é conquistar a alma.

Homem tem um fanal: a consciência;

A Mulher tem uma estrela: a esperança.

O fanal guia, a esperança, salva.

... O Homem está colocado onde termina a terra;
A Mulher onde começa o céu...